D. João V
Em Memorial do Convento, José Saramago caractriza o rei D. João V como megalómano, infantil, devasso, libertino e ignorante, que não hesita em utilizar o povo, o dinheiro e a posição social para satisfazer os seus caprichos. Poderoso e rico, D. João V medita " no que fará a tãoi grandes somas de dinheiro, a tão extrema riqueza", e anada preocupado com a falta de descendente, apesar de possuir bastardos. Promete "levantar um Convento em Mafra" se tiver filhos da rainhas Maria Ana Josefa, com quem tem relações para cumprimento do dever, em encontros frios e programados. A sua pretensão vai realizar-se com o nascimento da princesa Maria Bárbara e, apesar da decepção por nao ser um menino, mantém a promessa de que "Haveremos convento".
Baltasar Sete-Sois
Em Memorial do Convento, José Saramago caracteriza o rei D. João V como megalómano, infantil, devasso, libertino e ignorante, que não hesita em utilizar o povo, o dinheiro e a posição social para satisfazer os seus caprichos.
Poderoso e rico, D. João V medita “no que fará a tão grandes somas de dinheiro, a tão extrema riqueza”, e anda preocupado com a falta de descendente, apesar de possuir bastardos. Promete “levantar um convento em Mafra” se tiver filhos da rainha Maria Ana Josefa, com quem tem relações para cumprimento do dever, em encontros frios e programados. A sua pretensão vai realizar-se com o nascimento da princesa Maria Bárbara e, apesar da decepção por não ser um menino, mantém a promessa de que “Haveremos convento” (Cap. VII).
O rei, que com “medo de morrer” decide a sagração da basílica de Mafra para o dia do seu aniversário (22 de Outubro de 1730), surge, diferente da Historia, ridicularizado.
D. Maria Ana Josefa
É passiva, insatisfeita, vive um casamento baseado na aparência. Uma sexualidade reprimida; liberta-se através dos sonhos, atracção que sente pelo cunhado leva-a redimir-se pela oração.
Baltasar Mateus, de alcunha Sete-Sois, é, com Blimunda, uma das personagens mais interessantes da obra e das que possuem maior densidade psicológica.
Baltasar, depois de deixar o exército, por ficar maneta em combate com os castelhanos, na guerra da sucessão, chega a Lisboa como pedinte. Conhece Blimunda Sete – Luas, com quem partilhará a sua vida. Vai ainda partilhar do sonho da passarola voadora do padre Bartolomeu de Gusmão, ajudando a construí-la e participando no seu primeiro voo. É este que os alcunha:
“o padre virou-se para ela, sorriu, olhou um e olhou outro, e declarou, Tu és Sete-Sois porque vês às claras, tu serás Sete – Luas porque vês às escuras, e, assim, Blimunda, que até aí só se chamava, como sua mãe, de Jesus, ficou sendo Sete – Luas”
Blimunda Sete – Luas
Filha de Sebastiana Maria de Jesus, que fora, pela inquisição, condenada e degredada, por ser cristã-nova conhece Baltasar. Com capacidades de videntes e possuidora de uma sabedoria muito própria, vai ajudar na construção da passarola e partilhar com Baltasar as alegrias, tristezas e preocupações da vida.
Blimunda é uma estranha vidente que vê no interior dos corpos os males que destroem a vida e consegue recolher as “ vontades” vitais que permitirão o voo da passarola do padre Bartolomeu. Por amar Baltasar, Blimunda recusa usar a magia para conhecer o sei interior.
O poder de Blimunda permite, simultaneamente, curar e criar, ou melhor, ver o que está no mundo, as verdades mais profundas que o sustentam.
Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão
“ Já o padre Bartolomeu Lourenço regressou de Coimbra, já é doutor em cânones, confirmado de Gusmão por apelativo onomástico e firma escrita”
O sonho da passarola voadora e a sua futura realidade apresentam o padre Bartolomeu Lourenço como um homem que só conseguirá evitar a Inquisição pela amizade que lhe tem o rei D. João V, que também possui o sonho e a esperança da máquina voadora.
Ajudado por Baltasar e Blimunda e, por vezes, com a companhia de Domenico Scarlatti, que ao som do cravo sonhava e ajudava a sonhar, o padre Bartolomeu Lourenço construiu a sua obra. A sua morte, em Toledo, “para onde tinha fugido, dizem que louco”, é anunciada pelo músico Scarlatti a Sete – Sois e a Blimunda.
Personalidade autêntica da História, Bartolomeu de Gusmão estudou com os Jesuítas da Baía. Devido ao interesse pelas questões científicas, veio em 1701 para Portugal. Fez o curso de Cânones da Universidade de Coimbra, mas a sua atenção, com o apoio de D. João V, prendeu-se com experiencias aerostáticas, a que não ficou alheia a mistificada “passarola voadora”. Segundo parece, foi forçado a fugir à Inquisição por possível adesão ao judaísmo ou por se ter envolvido num caso de bruxaria. Morreu em Toledo, em 1724.
POVO
Personagem importante, o povo trabalhador construiu o convento de Mafra, à custa de muitos sacrifícios e mesmo de algumas mortes. Definido pelo seu trabalho, pela sua miséria física e moral, pela sua devoção, este povo humilde surge como o verdadeiro obreiro da realização do sonho de D. João V. Os trabalhadores são apenas qualquer coisa mais desta obra grandiosa, ou, como diz o narrador, “a diferença que há entre tijolo e homem é a diferença que se julga haver entre quinhentos e quinhentos […]”.
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